14 de janeiro de 2012

Do alto mar à terra firme

Havia algum tempo. Eu navegava por um mar de solidão. Meu barco era improvisado por estacas de felicidade breves amarradas com cordas de esperança. Fundamento não existia. Não sabia como ele conseguia flutuar. Era com a sorte que eu contava na luta contra as tempestades. E quantas nós atravessamos.
Mas a embarcação ficava cada vez mais fraca. E meu coração também... Um dia, senti uma lágrima escorrer dele. Era a denúncia do quanto ele estava sufocado. Começei a lembrar do Deus sobre o qual me falavam e cujo nome tantas vezes mencionei. Por algumas vezes tentei controlar meus pensamentos e voltar para a tarefa de me manter viva em alto mar. Mas minha mente parecia ter vida própria. As lágrimas começaram a rolar como um rio. Minha força chegara ao fim. Ouvi minha voz num grito assim: "DEUS, se é que me escutas e que me amas, vem me socorrer! Eu preciso te conhecer de perto, eu preciso desse amor!"
Já não conseguia ficar de pé. Por um minuto, o mar fez silêncio. Tive uma sensação de alívio e uma brisa me tocou. Levantei meu rosto, Ele estava lá com seus olhos brilhando como fogo e as mãos furadas estendidas para mim.
Meus lábios tremiam tentando dizer algo, mas não conseguiam. A essa altura, eu era como um bebê. Então o meu Pai disse com ternura: "Filha, eu estou aqui! Você clamou por mim e eu te ouvi. Farei morada no teu coração." 
Quando dei por mim, estava de pé com a mão dada a Ele. Olhei para o céu e as nuvens cinzentas despediam-se. O barco havia desaparecido e estávamos caminhando sobre as águas. Avistei um cais e era para lá que íamos. No caminho Jesus me disse:
"Filha, lembra que você não entendia como seu barco flutuava? Era a minha mão que o segurava. Lembra das tempestades em que você achava que a sorte foi gentil com você? Ela não existe... Eu te protegi! Também fui Eu quem não deixou que as cordas de esperança se arrebentassem. Nunca te deixei! Eu sempre quis caminhar junto a ti, mas precisava ouvir a sua voz..."
Quando chegamos ao solo havia um caminho. É o mesmo que sigo até hoje. Ele nunca largou a minha mão.
O céu que o cobre é quase sempre azul e as árvores quase sempre floridas.
Vire e meche, faço uma curva e deixo de sentí-lo... Mas não, já não consigo seguir sem meu Jesus.
As tempestades também chegam, como naquele mar sombrio, seus ventos podem até me abalar. Mas não, eu não caio, porque Ele está lá, sempre, sempre. De prontidão, ele estampa um novo sorriso em meu rosto e refaz a paz que toma meu coração.
Já até senti a morte passar ao meu lado. E mesmo que um dia ela me envolva e meus olhos se fechem, ela não vencerá... Naquele dia em que Papai tirou de de mim o rótulo de náufrago, Ele também me deu a vida eterna. E o destino do caminho é o Reino dos Céus...

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